FKBERJ O Rio de Janeiro, após 15 anos, voltará a sediar o Campeonato Brasileiro de Kickboxing e ganhará uma edição histórica com grandes inovações, tais como Cinturão, transmissão ao vivo, alimentação gratuita para os atletas, camisa oficial para campeões e vice-campeões e a apresentação de atletas PCD, graças ao patrocínio da ENEL e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude (SEELJE).
O faixa preta de Kickboxing, professor William Correia, foi quem fez a proposta de incluir a apresentação de luta de PCD nesta edição do campeonato, a qual foi prontamente atendida pelo Presidente da FKBERJ (Federação de Kickboxing do Estado do Rio de Janeiro) e Vice-presidente da CBKB (Confederação Brasileira de Kickboxing), Capitulino Gomes.
Todos os atletas PCD do Brasil poderão participar da apresentação, bastando confirmar a presença mediante prévia inscrição. E Mohamad Hassan El Gamal, faixa preta 1º Dan de Kickboxing desde 2013, será o primeiro atleta PCD a realizar uma apresentação em um campeonato a nível nacional.
Mas quem é Mohamad Nassan El Gamal, o atleta que vai entrar para a história do kickboxing brasileiro? Mohamad, como já foi citado, é portador de síndrome de Down, o que não o impediu de chegar à faixa preta de kickboxing, se destacando como atleta. O interesse pelo kickboxing surgiu quando, ainda criança, assistia a filmes de luta. Chegou a praticar outras artes marciais, mas foi o kickboxing que conquistou seu coração.
Indagado sobre sua participação em um Campeonato Brasileiro, Mohamad responde: “Espero transmitir a mensagem de que é possível que pessoas como eu, portadoras de síndrome de Down, possam se dedicar à prática de artes marciais e chegar à faixa preta. Não só os portadores de síndrome de Down, como portadores de outras doenças limitantes. Todos nós podemos, basta ter fé e acreditar. Espero um dia ser Campeão Brasileiro de Kickboxing.”, conclui.
Desde o início da prática do kickboxing, Mohamad teve muita disciplina e força de vontade para avançar na luta. Nunca faltava aos treinos, sempre participando com muita garra e vontade de alcançar a faixa seguinte, como afirma seu irmão e grande incentivador, Hanny El Gamal, que acrescenta: “Essa é uma oportunidade maravilhosa sobre todos os aspectos, não só para o Mohamad poder demonstrar sua capacidade física e mental de conseguir praticar uma arte marcial difícil e muito técnica, como também para a federação poder se orgulhar em recebê-lo de braços abertos, o acolhendo, o tratando como uma pessoa normal e depositando suas fichas em seu crescimento e desenvolvimento dentro do esporte. O Mohamad pode ser o primeiro exemplo para que outros PCD acreditem que podem praticar e chegar à faixa preta. Essa oportunidade nos permite alcançar todo o Brasil, mostrando a possibilidade de inclusão social de PCD através do kickboxing, ajudando não somente a eles próprios como também as famílias e comunidades envolvidas em seu cotidiano”, declara.
Mohamad El Gamal faz parte da SEP FX, uma das maiores associações de kickboxing do Estado do Rio de Janeiro, presidida pelo professor André Fernandes, que faz importantes considerações sobre a participação do atleta nesse evento: “Acho a iniciativa da FKBERJ fantástica e tenho certeza que esse é o primeiro passo para um debate mais amplo a respeito da inclusão no Kickboxing. O Mohamad é o primeiro faixa preta de Kickboxing do Brasil portador de síndrome de Down e vê-lo participar de um campeonato oficial da CBKB me preenche de orgulho. Espero que ele sirva de exemplo para que outros pais sejam motivados a colocar seus filhos no Kickboxing, pois no tatame todos são especiais”.
Sobre o fato de incentivar outros atletas especiais, o próprio Mohamad dá uma palavra de incentivo: “Pratiquem Kickboxing! Além de divertido, ajuda a melhorar o condicionamento físico, a ter mais autocontrole, melhora a uto estima, permite o convívio social e desenvolve amizades”, destaca.
É preciso diferenciar limitante de incapacitante. Apesar de suas limitações, a maioria das pessoas com deficiência consegue desenvolver muitas atividades normalmente, principalmente por serem guerreiros acostumados a enfrentar barreiras diariamente. Esses atletas sempre terão nosso respeito e admiração.
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